
WAGNER ASSIS
diretor de A caromante
Qual o seu envolvimento com Machado de Assis?
Machado faz parte da minha história da mesma forma como espero
que faça parte da história de todos os alunos brasileiros.
Ele entrou na minha vida com Dom Casmurro, ainda no inicio do segundo
grau. Depois, com Memórias Póstumas, vi seu gênio
com mais clareza. O tempo passou e ele continuou sendo uma leitura quase
obrigatória de vez em quando. A gente se apaixona pelos escritores
russos, franceses, espanhóis, mas nunca deixa de dar uma passada
nos livros do Machado.
Dentre tantos textos possíveis, por que você
optou por adaptar A cartomante? O que te atraiu nesse texto?
Um dos poucos finais trágicos de seus contos. Se não me
engano, são mais dois outros que têm finais trágicos
(não vou me lembrar agora, desculpe). De qualquer forma, eu queria
uma história que pudesse ser vivenciada em sua essência
nos dias atuais, mesmo que fosse uma adaptação. E a temática
de A cartomante, do imponderável atravessando a nossa vida sem
pedir licença, me atraiu muito inicialmente. Além disso,
era um triângulo amoroso, dramaturgia clássica e viável
se ser levada às telas.
O que norteou o trabalho de adaptação?
O filme nasceu como uma história de época, inicialmente.
Depois, resolvemos trazer para os dias atuais. Como era uma adaptação
livre, procuramos manter a essência do texto original, com a questão
do imponderável, do destino. Mantivemos os personagens principais,
as relações entre eles – Rita, Camilo e Vilela.
E a atualização mais importante foi criar uma outra personagem
a partir da figura da cartomante – mas é preciso ver o
filme para saber mais detalhes!
|